Estabelecer rotinas, organizar o estudo diário, acompanhar os trabalhos de casa. Há regras que podem fazer a diferença nos resultados escolares. Firmeza e diálogo são ingredientes essenciais.
 

Estudar exige disciplina e esta é uma boa altura para estabelecer regras e criar hábitos importantes para enfrentar mais um ano lectivo. Persistência, diálogo, firmeza são fundamentais, sem esquecer que cada criança tem necessidades específicas. Mais um ano, mais horas de estudo pela frente. Não há volta a dar. É preciso organizar o estudo diário. Há passos que devem ser acompanhados pelos pais. "No 1.º ano de escolaridade, os pais terão, seguramente, que ajudar os filhos a criarem esses hábitos, procurando dar-lhes um cunho positivo, mostrando-lhes que, por terem crescido, já precisam de um local para arrumarem os livros e realizarem as tarefas escolares", lembra Armanda Zenhas, professora na EB2,3 de Leça da Palmeira, mestre em Educação e colaboradora do EDUCARE.PT.

O início do 2.º ciclo é outra etapa importante. Há mais professores, cada docente pede trabalhos da sua área, há mais matérias e é preciso decidir o que estudar em cada dia. E é necessário escolher a melhor altura para fazê-lo. "Apoiar, no entanto, não significa fazer pela criança", avisa Armanda Zenhas. A professora sublinha que o acompanhamento do estudo deve ser diário, de forma que "as aprendizagens escolares sejam consolidadas e os hábitos de estudo vão sendo criados". Há, no entanto, que afastar alguns elementos que podem perturbar a hora do estudo. Desligue-se a televisão, afastem-se os brinquedos, não se interrompa o estudo para pedir para fazer recados ou outras tarefas.

Fazer um horário de estudo é importante para evitar que se abram os livros apenas nas vésperas dos exames. Pais e filhos devem juntar-se para coordenar o dia-a-dia. É preciso analisar o horário escolar para conciliar com outras actividades, fazer revisões da matéria dada todos os dias, dedicar mais horas ao estudo nos dias em que a carga lectiva não é tão pesada. "O estudo deve ser iniciado por uma disciplina de dificuldade média ('para aquecer o motor'), seguindo-se as mais difíceis ou de que se gosta menos e deixando-se para o fim (quando já se está mais cansado) as mais fáceis." "Os períodos de estudo não devem ultrapassar os 20 a 40 minutos, dependendo da idade do estudante. Entre esses períodos deverão existir pequenas pausas de cinco minutos, durante as quais não se deve ver televisão ou jogar computador, actividades que irão quebrar o ritmo de estudo e prolongar o intervalo em demasia", recomenda Armanda Zenhas.

De olho nos trabalhos para casa
Ajudar ou não nos trabalhos para casa (TPC)? Eis a questão. "Quando um professor marca TPC, não deve esperar que os pais possam ajudar na sua realização, já que muitos deles não dominam os conteúdos programáticos". Mas há excepções. Ou seja, há situações que podem ser criadas pelos professores para envolver os pais no momento do estudo lá em casa. Armanda Zenhas dá alguns exemplos, como pedir para fazer entrevistas aos pais sobre assuntos relacionados com o programa do Meio Físico e Social do 1.º ciclo; recolher provérbios, lengalengas ou contos tradicionais para a disciplina de Português; entrevistar pais ou avós sobre acontecimentos a que tiveram oportunidade de assistir para trabalhos de História; resolver problemas matemáticos a partir das mediações de vários consumos domésticos. "Estes trabalhos valorizam os conhecimentos da família e envolvem-na directamente na vida escolar dos jovens, reforçando os laços entre ela a família", sublinha.

E o que os pais devem fazer quando dominam a matéria? "Devem ter cuidado com a forma como a explicam aos filhos. É preciso não ceder à tentação de quase fazer os trabalhos de casa por eles enquanto vai explicando. É necessário levá-los a pensar e a descobrir por eles". E, antes de tudo, é preciso verificar se a matéria foi estudada de antemão ou se se avançou para a resolução dos exercícios sem a devida preparação. E para evitar que se use o sistema da cópia dos TPC pelos colegas, os pais devem pedir aos seus filhos que tragam sempre os TPC apontados no caderno diário. Basta depois consultar esse caderno para confirmar se os trabalhos anotados estão ou não feitos.

Dosear grau de supervisão
É também preciso ter alguns cuidados com o espaço onde se estuda. Eliminar factores que possam distrair é essencial. Boa iluminação, boa ventilação, temperatura agradável, sem ruídos perturbadores por perto, sem televisões em acção pela casa. Música ligada ou desligada depende de cada um. "Quando se escreve, deve haver um mobiliário correcto e uma postura corporal adequada. Escrever deitado na cama, por exemplo, além de poder contribuir para problemas ósseos, não permite um trabalho executado com rigor."

As rotinas têm também a sua importância e adquirir hábitos de arrumação nem sempre é fácil. Armanda Zenhas deixa alguns conselhos. "Arranje, com o seu filho, um espaço exclusivamente destinado à arrumação dos materiais escolares e ao estudo. Nesse local não devem existir brinquedos nem outros objectos que o possam distrair enquanto estuda." "Habitue o seu filho a arrumar todo o material escolar logo que chega a casa. Desta forma haverá tempo de procurar alguma coisa que possa não estar à mão." Há mais, como preparar o material para a escola na véspera, colocar o horário num local visível e no espaço onde se estuda. "Ajudar as crianças ou os jovens a adquirirem hábitos de arrumação e de organização não é fácil. Prepara-se para muitas sessões de 'resmunguices' ou de protestos", avisa.

"Ajudar a criar hábitos adequados de trabalho e de estudo e gosto por esse trabalho requer firmeza, persistência, coerência e espírito positivo e é um investimento cujos frutos nem sempre são imediatos. No entanto, vale a pena persistir e investir sempre na crescente responsabilização e autonomia dos filhos, doseando o grau de supervisão adequado a cada momento", sugere Armanda Zenhas.

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publicado por maestrinavania às 21:00